BRASÍLIA — O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quarta feira, ao participar de evento em Brasília, que não há "nenhuma hipótese" de ele renunciar ao cargo. Cunha foi questionado durante sua participação no 27º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, promovido pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), se aceitaria o conselho de optar pela renúncia, caso ficasse comprovado que ele possui contas na Suíça como saída honrosa.
— Nenhuma hipótese — respondeu secamente Cunha ao ser questionado pelo mediador do evento, o jornalista Kennedy Alencar.
Pela manhã, o vice-líder do PPS, deputado Arnaldo Jordy (PA), informou que apresentará nesta quarta-feira à Corregedoria da Câmara dos Deputados uma representação sobre a suposta quebra de decoro de Cunha. Logo após sua participação no debate, o presidente da Câmara voltou a negar aos jornalistas que não há nenhuma chance de ele apresentar sua renúncia.
O presidente da Câmara também foi questionado se possui contas na Suíça e se teria sido informado pelas autoridades europeias do bloqueio de suas contas. Cunha disse que quem trata disso é seu advogado, mas que ele reafirma o que disse na CPI da Petrobras (que não possui contas no exterior).
— Reitero o que eu falei na CPI da Petrobras — disse.
Ontem, o Ministério Público da Suíça confirmou que Cunha foi notificado do bloqueio de contas naquele país. Em uma mensagem curta, o MP suíço identifica Cunha apenas por suas iniciais, E.C., e diz que ele foi informado do congelamento dos ativos financeiros. O ministério suíço não quis detalhar quando isso aconteceu, nem quem foi o autor da notificação.
O órgão suíço encontrou cerca de US$ 5 milhões em contas controladas pelo presidente da Câmara dos Deputados. No registro das contas, o nome de Cunha, da mulher Cláudia Cruz e de uma de suas filhas aparecem como reais responsáveis pela movimentação financeira. As informações foram repassadas às autoridades brasileiras, que passarão a investigar crime de lavagem de dinheiro. A investigação na Suíça foi aberta em abril, quando as contas bancárias do presidente da Câmara e de seus familiares foram bloqueadas. O presidente da Câmara é suspeito de receber propina por vazamento de informação privilegiada na venda, para a Petrobras, de um campo de petróleo no Benin, na África.
Na semana passada, Cunha já havia negado desconhecer o conteúdo das investigações. À época, ele reiterou o depoimento prestado na CPI da Petrobras de forma espontânea, em que negou a existência das contas.