quarta-feira, 22 de junho de 2016

STF transforma deputado Nelson Meurer em réu na Lava Jato



A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu nesta terça-feira denúncia do Ministério Público Federal e abriu ação penal contra o deputado Nelson Meurer (PP-PR) na Operação Lava Jato e contra os filhos dele Nelson Meurer Junior e Cristiano Augusto Meurer. Eles passam agora à condição de réus pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo o delator do petrolão Paulo Roberto Costa, Meurer era um dos expoentes do Partido Progressista (PP) no esquema de arrecadação de propina desviada de empresas com contratos com a Petrobras. As investigações da Operação Lava Jato estimam que parlamentares do PP receberam cerca de 358 milhões de reais em propina de empreiteiras entre 2006 e 2014, sendo que mais de 62 milhões de reais eram de responsabilidade do doleiro e delator Alberto Youssef. Os indícios são de que Nelson Meurer embolsou quase 30 milhões de reais em dinheiro sujo.

Em depoimentos à justiça, Alberto Youssef afirmou que políticos do Partido Progressista receberam repasses mensais de até 750.000 reais em propina, a partir de dinheiro desviado na Petrobras, durante a campanha eleitoral de 2010. Em depoimento do juiz Sergio Moro, o delator citou quatro beneficiários preferenciais da propina do partido - o ex-ministro das Cidades Mario Negromonte, os ex-deputados Pedro Corrêa e João Pizzolatti e o próprio Nelson Meurer.

Apontado pelo Ministério Público como responsável por distribuir propina a políticos envolvidos na Operação Lava Jato, o delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, também relatou como Meurer e os mais diversos deputados protagonizavam uma verdadeira romaria ao escritório de Youssef, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, e disse que todos os congressistas tinham plena consciência de que recebiam dinheiro de propina. Entre os destinatários frequentes de propina, Ceará citou às autoridades o ex-ministro das Cidades Mario Negromonte (PP-BA) como "o mais achacador" e Nelson Meurer como o responsável pela "mesada gorda" a ser repassada ao PP.

Na versão apresentada pelo carregador de malas, o deputado Nelson Meurer, por exemplo, utilizava um dos filhos para receber propina em seu nome. Antes das eleições de 2010, disse ele, o filho do parlamentar recebeu 300.000 reais em um quarto do Hotel Curitiba Palace, na capital paranaense. Em outra oportunidade, novo repasse de até 300.000 reais. Para evitar chamar atenção, a propina era escondida nas pernas de Ceará. "No quarto, o declarante retirava o dinheiro das pernas, nas quais os valores eram transportados, e entregava para o filho de Nelson Meurer", diz trecho da delação premiada do carregador de malas do Alberto Youssef.

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