Por Julia Affonso e Valmar Hupsel Filho
Em
debate na tarde desta quinta-feira, 24, em São Paulo, quatro
empresários questionaram o juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, se a
prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2010) era uma
'questão de tempo'. Moro disse que 'não fala sobre o que acontece ou não
acontece na investigação para o futuro'.
O
evento reuniu cerca de 600 convidados no LIDE (Grupo de Líderes
Empresariais). Lula não é investigado na Operação Lava Jato, mas antigos
aliados seus, quadros históricos do PT, como José Dirceu
(ex-ministro-chefe da Casa Civil) e João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do
partido) foram presos por ordem de Moro.
"Dr.
Sérgio, várias perguntas sobre um mesmo tema e um mesmo personagem:
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil", disse o empresário
João Dória Junior, presidente do LIDE e pré-candidato à prefeitura de
São Paulo pelo PSDB. "Diante do que os autos indicam pode-se afirmar que
a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma questão de
tempo?", emendou Dória, lendo perguntas que lhes foram encaminhadas
pelos empresários.
Moro assim respondeu. "Eu
não falo sobre o que acontece ou não acontece na investigação para o
futuro e acho que este tipo de pergunta deveria ser feita em relação a
vários outros personagens tanto dentro da investigação, quanto fora da
investigação. É o tipo de pergunta que não tem nem como começar a
responder."
A Lava Jato investiga um esquema
de corrupção e propina que teria se instalado na Petrobrás entre 2004 e
2014. A força-tarefa do Ministério Público Federal sustenta que o mesmo
grupo que atuou na companhia petrolífera teria alcançado seus
tentáculos por outras estatais, inclusive, ministérios. Para os
procuradores, a Lava Jato apura um esquema de compra de apoio político
para o governo federal através de corrupção.
O
procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que
integra a força-tarefa da Lava Jato, afirmou na segunda-feira, 21, que
'não tem dúvida nenhuma' de que os maiores escândalos de corrupção da
história recente do País - Mensalão, Petrolão e Eletronuclear - tiveram
origem na Casa Civil do Governo Lula.
José
Dirceu, que ocupou a Casa Civil do ex-presidente entre 2003 e 2005, é
réu por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi condenado no início da semana a
15 anos de prisão. Ele foi acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e
associação criminosa. Ex-tesoureiro foi acusado de intermediar repasse
de R$ 4,2 milhões para o partido.
Lula não é
investigado, mas há duas semanas a Polícia Federal pediu ao Supremo
Tribunal Federal (STF) autorização para ouvir o ex-presidente no
inquérito principal.O Instituto Lula informou que não se manifestará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário